terça-feira, 28 de julho de 2009

Galinholas anilhadas, duvidas e mitos.


Apesar de pouco frequente por vezes um caçador abate uma galinhola anilhada e, depara-se com um problema entre mãos, o que fazer com a anilha?
Muitas vezes por desconhecimento, falta de vontade ou até, por receio de ficar sem a anilha, que para muitos é uma espécie de troféu pouco usual, não dão o seguimento devido a este assunto.
Pois bem a anilha não tem de ser devolvida, fica na posse do caçador, apenas lhes é solicitado os dados gravados na mesma, esses sim de extrema importância para o estudo da ave e da sua espécie, são também necessários alguns dados do caçador da ave e da localização geográfica onde esta foi abatida.
Apenas é necessário relatar o abate por e-mail e deixar um contacto e depois esperar que o ICN contacte a solicitar mais informações. Sendo Galinholas é de todo importante relatar o abate desta ave ao CCB em França, pois este organismo leva a cabo largos e detalhados estudos desta ave e, esta informação é importantissima para o seu trabalho.
Caso o caçador seja uma pessoa interessada pelos aspectos que rodeiam esta enigmática ave, poderá levar a cabo sem despender muito do seu tempo alguns estudos complementares sobre esta ave em particular, como:
Pesar a ave, para uma posterior comparação.
Fotografar a ave e a anilha que a acompanha.
Medir o comprimento do bico.
Medir o comprimento das asas.
Situar através do Google Earth a localização (em coordenadas) de onde a ave foi abatida.
Enviar as informações para:
dhe@icn.pt e http://clubnationaldesbecassiers.net/index.php?option=com_contact&view=category&catid=12&Itemid=56
Desta forma mais precisa ajudará aos complexos estudos efectuados sobre as Galinholas, bem como dignificará o nome da classe dos caçadores.

Centro de Estudos de Migração e Protecção das Aves (Cempa)
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O CEMPA – Centro de Estudo de Migrações e Protecção de Aves foi criado a 9 de Março de 1976, através de Despacho do Secretário de Estado do Ambiente publicado em Diário da República a 20 de Março, e integrado no então Serviço de Estudos do Ambiente.A sua criação dava resposta à necessidade de integrar Portugal nos programas de estudo e protecção internacionais de aves da Região Paleárctica, tendo em conta a nossa situação geográfica, extensão da zona costeira e a existência de importantes estuários, o que nos permite ocupar uma posição particularmente importante nas rotas migratórias.
Tornava-se portanto pertinente a centralização e coordenação das actividades relacionadas com o estudo das aves.
Nas suas atribuições constam a investigação e promoção de medidas de conservação, divulgação dos problemas e resultados respeitantes ao estudo das aves, bem como a centralização, coordenação e divulgação da anilhagem e recaptura de aves. Esta última acção visa obter e tratar os respectivos dados e responder às solicitações das diversas centrais europeias de anilhagem.
Foi então estruturada no seu âmbito a Central Nacional de Anilhagem, para coordenar a actividade dos anilhadores, apoiar a sua formação e recolher, organizar e tratar os dados por eles obtidos no decurso da actividade.
Em 1993, através do Decreto-Lei nº 193/93, o CEMPA foi integrado no Instituto da Conservação da Natureza, sendo inserido na Direcção de Serviços de Conservação da Natureza – Divisão de Habitats e Ecossistemas. Tem como objectivos principais:
Promover, apoiar e desenvolver estudos técnico-científicos e programas de monitorização, sobre a avifauna nacional e os seus habitats; e
Fornecer suporte técnico para a tomada de decisão no âmbito da política de Conservação da Natureza.

O que é a anilhagem de aves
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As Aves sempre exerceram um forte fascínio sobre o Homem, dividido entre a admiração pelas suas cores, cantos, formas e voo,, por um lado e a curiosidade pelos seus hábitos e os seus movimentos migratórios, por outro.
O interesse pelas suas migrações, assim como o colorido e a visibilidade de um grande número de espécies, ressaltam como principais explicações para esta atracção.
Algumas são residentes, não se afastando muito do local onde nasceram, mas outras levam a cabo grandes viagens (que podem atingir os milhares de quilómetros e as centenas de horas de voo), cujos ciclos dependem das estações do ano, realizados no mesmo país, região, ou entre continentes.
A anilhagem científica é um método de investigação que se baseia na marcação individual das aves. Qualquer registo de uma ave anilhada, obtido através da sua recaptura e posterior libertação ou quando a ave é encontrada morta, poderá fornecer muita informação acerca da vida dessa ave, e em particular, sobre os seus movimentos.
Através da interpretação dos dados obtidos durante a actividade de anilhagem é possível conhecer muito mais acerca das populações e das diversas espécies, bem como sobre as características dos indivíduos que as compõem. Assim, quando uma ave cai na rede de um anilhador, procura-se obter toda a informação possível, podendo por vezes ir-se para além daquela que habitualmente se recolhe. Esta situação deve sempre seguir os procedimentos estabelecidos pela Central Nacional, e verificar-se apenas nos casos em que estudos específicos e autorizados assim o exijam.
A análise das deslocações das aves anilhadas permite definir as suas rotas migratórias e as áreas de repouso ou paragem, disponibilizando deste modo informação crucial para o planeamento de sistemas integrados de áreas protegidas para a avifauna.
Paralelamente, com base na informação recolhida através da recaptura de aves anilhadas, pode obter-se um conjunto de parâmetros populacionais, tais como a taxa de sobrevivência e o sucesso reprodutor, essenciais para a determinação das causas de variações numéricas das populações de aves.Objectivos da Anilhagem
A anilhagem é hoje aceite como ferramenta de investigação essencial na maioria dos países do mundo. Em muitos casos, a urgência de conservação de algumas espécies impõe mesmo programas específicos e intensivos de marcação e controlo, tendo como principal objectivo a obtenção rápida de indicadores que possam ser traduzidos em medidas concretas sobre os habitats ou factores de ameaça.
Como tal, e em conformidade com as orientações emanadas pela EURING (organismo coordenador da anilhagem na Europa) e com a legislação internacional e nacional em vigor, a anilhagem deve ser cada vez mais encarada não apenas como um “passatempo” ou algo agradável, mas como uma actividade que, para além de envolver custos, envolve também riscos para as aves que são capturadas e manuseadas. Assim, deve ter-se atenção à necessidade cada vez maior de uma definição clara dos objectivos a atingir com a actividade, para cada um dos anilhadores ou grupos de anilhadores, atendendo a que a grande maioria destes desenvolve esta actividade num contexto amador.
É também fundamental o estabelecimento de metodologias apropriadas e uniformes, adequadas às diferentes situações, que, por sua vez, possam ser traduzidas em resultados fiáveis e comparáveis.
Por fim, e para além do envio habitual dos dados ao banco de dados da Central Nacional, este esforço deve ser traduzido na publicação dos resultados, quer em formatos simples quer, depois de devidamente tratados, através de artigos ou outros tipos de publicações.
No entanto, e procurando ajudar os anilhadores na persecução destas orientações, devem estes ter em conta os objectivos principais da anilhagem científica:
Ajudar à compreensão e esclarecimento dos movimentos e das estratégias migratórias;
Identificar e monitorizar as áreas mais importantes para as migrações; e
Monitorizar as populações.
A anilhagem de aves encontra-se regulamentada através do Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril (artigo 18º), que transpõe as Directivas Comunitárias Aves (79/409/CEE) e Habitats (92/43/CE) para a legislação nacional.

Contacto
Instituto da Conservação da Natureza Central de Anilhagem. Rua Filipe Folque Nº46 5º andar 1050-114 Lisboaq TEL: 351 21 351 04 40 FAX: 351 21 357 47 71 E-mail: dhe@icn.pt